sábado, 21 de novembro de 2009
ESPERANÇA DE LUCIDEZ
Mário tinha acabado de chegar de um grande briga, tudo derrubado. O motivo real da confusão se deu pelo fato de que o rapaz saiu para beber com os amigos em comemoração a sua despedida de solteiro. Sete horas antes, muito alegre, Mário se aprontou as dez da noite e foi encontrar-se com os demais rapazes, em sua maioria colegas de trabalho. A reunião começou muito bem. Os rapazes se cumprimentaram e começaram a beber sem parar. Até então não havia indícios de quebradeira e sangue. A comemoração parecia pacífica. Mário, já alterado, estava muito satisfeito com tudo que presenciara em sua despedida de solteiro. Não demorou muito, começou a confusão. Muito agressivo Mário sempre bebeu e se alterou como de costume. Desta vez não foi diferente. Após ouvir um comentário bastante incômodo a respeito de sua pessoa, Mário já se encontrava muito bêbado e começou a agredir Paulo, antigo colega de turma, que afirma ter visto o primeiro relacionando-se sexualmente com a mulher do amigo. Isto foi o ápice da alteração de Mário, pois o mesmo diz nunca ter ficado com a moça, já que não tinha nenhum interesse amoroso por mulheres de amigos. Paulo, também alterado, mas menos que Mário, pediu para que seu amigo nunca mais o procurasse, pois o primeiro sabia da traição da mulher e do envolvimento de Mário com bebidas e drogas pesadas. Paulão, como era conhecido pelos companheiros, presenciara várias crises do rapaz e sempre procurou ajudá-lo quando mais precisava de auxilio. Na vez anterior, Mário prometeu a seus conhecidos que nunca mais se drogaria e se metesse em confusões tais como a da última reunião com os amigos. Os dois amigos trocaram pontapés e socos. Mário quase acabou com a vida de Paulão. Naquele momento, a polícia já tinha sido contatada por um dos demais amigos de Mário. Mário também desconfiava que Paulo tivesse dado em cima da mulher do mesmo, por isso alterou o comportamento. Após séria intervenção da polícia, Mário foi levado à delegacia e preso na solitária, perdendo direito de estar com demais detentos, sem comida e regalias. O moço, então com 28 anos, foi preso cerca de trinta vezes anteriormente, por conta do uso e tráfico de drogas. Em dois dias, Mário se alterou bastante na cela, tendo que ser transferido para uma clínica de recuperação de narcóticos com o apoio da noiva, muito preocupada com a situação do rapaz. Chegando à clínica, Mário levado na maca sob efeito de tranqüilizantes, pois se tornou muito agressivo e debateu-se na frente da futura esposa, dos amigos e dos policiais. Ninguém entendeu o grau em que a situação se encontrava naquele instante. Desta vez, as crises neurais de Mário estavam mais acentuadas que de costume. A noiva Paula foi chamada pelos paramédicos para relatar detalhadamente o descontrole do rapaz na prisão. Naquele momento, Paula chorava muito, afirmando não aguentar mais viver tal situação com o noivo. A mesma disse que estava tão feliz a véspera do casamento. Tudo parecia estar organizado, a cerimônia, a festa. A presença dos convidados estava confirmada uma semana antes do casamento. Como podia acontecer tal confusão, justo na semana do casamento? As pessoas ali presentes não conseguiam entender o quanto Mário regrediu para o estágio de alteração, como nos anos anteriores. Mas desta vez a loucura havia dominado o cérebro de Mário. Seria o fim de toda esperança de lucidez do rapaz? Como saber o que aconteceria com a vida do rapaz? Era complicado para todos como seria o desfecho de uma história de amor tão perturbado como essa. Era preciso várias intervenções para o rapaz se recuperasse? Ninguém sabia como resolver até então. Uma semana de dilema havia se passado e os resultados não eram os mais esperados. Talvez fosse preciso um ano ou mais para tratar a loucura do rapaz. Não era o que a noiva e os amigos desejavam naquele instante. Todos queriam vê-lo forte, saudável e são. Era demais pedir a Deus paz naquele ciclo de amigos? Onde estava a família para acolhê-lo? Essas eram questões complicadas de responder, pois era uma situação de vida ou morte do rapaz. Em um ano, Mário já estava bem recuperado, graças a persistência do próprio em submeter-se ao tratamento de reabilitação das drogas e do álcool. Naquele período Mário já não estava interessado mais no alcoolismo e no uso de cocaína, tal como das outras vezes em que era usuário dessas drogas pesadas. Mário saiu do vício por um bom tempo, deixando seus amigos e seus esposos despreocupados com a perdição do rapaz. A recuperação durou cerca de dois anos até que Mário foi demitido do emprego de assessoria administrativa de empresa. Com a demissão, o rapaz teve uma queda gradativa pela bebida, o que resultou novamente em transtorno para a esposa. Em um dia que parecia ser o mais normal para o casal transformou-se em guerra. Será que Mário realmente estava disposto a mudar o quadro negativo da sua vida¿ Ou enganou a todos novamente¿ Percebeu-se o quanto era complicado salvar o rapaz do vício, já que o mesmo persistia em beber, se drogar e agredir os mais próximos. Mário desde que nasceu enfrentou problemas familiares. O pai muito agressivo matou a esposa com espingarda, deixando o rapaz, então com dezoito anos, perturbado. O garoto, já revoltado com a atrocidade do pai, sempre desejou vingar a morte da mãe. Com isso, conheceu Paula, uma moça linda,batalhadora,estudiosa e cuidadosa com o corpo. Quando Mário conheceu Paula, o mesmo encontrou o caminho para acabar com a desilusão de viver. Ambos foram se conhecendo até que decidiram se preparar para casar na melhor igreja que encontrassem. O noivado se deu após dois anos de namoro. Até que no dia da despedida de solteiro, Mário se mete novamente em confusão, conforme dito anteriormente. Em conseqüência das brigas homéricas de Mário, o casamento foi cancelado para sempre. Paula decidiu dar um fim naquele romance todo. O rapaz pouco se importou com a separação, já que desconfiava da ex-noiva e devido ao fato de optar pela bebida em detrimento de casar se com a moça. Com o fim do relacionamento, perdeu-se a esperança de recuperação por parte de Mário. Este não teve mais escapatória, ou seja, perdeu a lucidez. Os amigos não mais se encontravam com o rapaz. A situação estava bastante crítica, pois Mário entregou-se aos vícios sem chances reais de recuperação. Durante o restante de sua vida, Mário ficou internado na clínica de recuperação, sem auxílio de amigos. Porém, seu pai reaparece para pagar o tratamento e cuidar do filho. Sem condições de rejeitar, Mário acaba aceitando a interferência daquele que outrora causou os problemas da vida do rapaz. Para que o reencontro entre ambos se desse Paula liga para Sr.Jorge entregando o filho após 10 anos de abandono. O pai do rapaz, após retirar-se do envolvimento em crimes, resolveu compreensivamente assumir o caso do filho. Esta foi a única forma que Jorge encontrou de redimir-se do que fizera com o filho único no passado. Seria este o único a ter esperança de lucidez do filho¿ Poderia até ser que fosse, mas o pai morreu em dois anos de cuidados com o filho. Sem amparo do patriarca, a clínica acolhe definitivamente o rapaz. Entretanto, a lucidez do rapaz perdeu-se no espaço e no tempo, o que se concluiu com a deterioração mental de Mário. Sem escapatória, Mário morreu de overdose.
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