Estava em casa, prestes a sair para o trabalho, a época morando em São Paulo. O despertador que ganhei de meu pai disparou meia hora após acordar de um sono pesado. Havia acabado de comer umas torradas acompanhadas de leite com descafeinado, como nos tempos em que minha mãe preparava. Hoje moro sozinho em um apartamento na Av. Paulista. Fechei a porta do apartamento e peguei o elevador, já que sou deficiente físico. Ao entrar no carro, percebi ter escutado um telefonema. Era uma voz bastante familiar, parecia ser de uma pessoa próxima a mim, mas não consegui decifrar de quem seria. Naquele momento não pude perceber se vinha de meu pai ou de meu avô, ambos falecidos. Cheguei ao trabalho, estarrecido com a situação que passei. Conclui que não conseguiria trabalhar mais que três horas no dia do ocorrido. Voltei para casa e fui dormir direto, com a roupa do corpo, de tão cansado que fiquei. À noite, recebi novamente a mesma ligação que outrora tocou no celular. Em seguida, apareceu uma mensagem dizendo “quero muito saber como você está? Pode ser amanhã, meu caro?” Fiquei novamente perplexo, pois até então não sabia de quem se tratava o telefonema e a mensagem. Tentei apagar a mensagem, mas não obtive sucesso, pois a mesma não saía do aparelho. Assim, fui dormir. No dia seguinte, o celular toca novamente com a mesma voz do dia anterior, me chamando para nos encontrarmos em um local estratégico (Estação da Luz) a uma hora da tarde. Pensei em responder, mas a ligação caiu. Com atraso de meia hora consegui chegar ao local, mas ainda não vi nenhuma pessoa ao não ser turistas visitando o Museu da Língua Portuguesa e um ou dois lixeiros. De repente, uma luz muito forte apareceu diante de meu rosto. Naquele instante o clarão me impediu de enxergar cerca de um minuto. Um corpo bem familiar aparecera na minha frente. Era meu pai, vindo do Céu para saber como eu estava aqui na Terra. Não contive, lágrimas esconderam, fiquei sem palavras e, em seguida, desmaiei profundamente. Acordei já em casa, não me recordando de ter desmaiado. “Mas quem havia me trazido para casa?”, pensei. Era meu pai novamente. Tentei conversar com ele, mas foi impossível já que o mesmo desapareceu subitamente. Com isso, acreditei que meu pai percebeu o quanto eu estava bem, não precisando dialogar comigo em palavras, mas sim em gestos de carinho, o que realmente importava para nós naquele momento.
Conto escrito em 27/10/2009
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