segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

A OBRA LITERÁRIA NO CONTEXTO DA DEFICIÊNCIA

Desde os tempos mais remotos, a deficiência é abordada em várias obras literárias como forma de demonstrar o imaginário da inclusão de personagens na maioria das vezes marginalizados socialmente. De acordo com Silva (2005), falar em imaginário da inclusão, não só em literatura, pressupõe o sentido ideológico oposto de exclusão, que hegemonicamente permeia as relações humanas, refletindo-se em manifestações artísticas e da cultura em geral. Tanto é verdade, que só questionamos sobre inclusão em função de situações concretas de exclusão de várias ordens e de causas tão diversas — econômicas, políticas, religiosas, entre outras — cuja averiguação não caberia investigar no momento, tendo em vista a especificidade do olhar estético ora lançado à projeção desse imaginário. As representações simbólicas, segundo a autora, representam as condições dos indivíduos excluídos dos grupos sociais considerados “normais”. Tais representações manifestam-se em número maior que o otimismo de situações vivenciadas com êxito ou que ultrapassam os obstáculos da vida das personagens nas obras literárias. No entanto, percebe-se que a ocorrência de personagens ficcionais com conflitos solucionados nas estórias de forma autônoma e independente é quase inexpressiva. Para superar os conflitos das personagens em momentos de fraqueza, foram inseridos príncipes encantados, fadas, gênios, considerados forças sobrenaturais, que agem como interventores das personagens indefesas e submissas a situações de exclusão social, como é o caso da Chapeuzinho Vermelho, da Cinderela e da Branca de Neve, que chegam a um final feliz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário