sábado, 10 de abril de 2010

INCLUSÃO x INTEGRAÇÃO: ANTAGONISMOS

O termo inclusão origina-se da palavra latina inclusione que significa o ato ou efeito de incluir, ou seja, adicionar, somar, agregar. No caso aqui se trata de agregar ou incluir pessoas portadoras de deficiência ao ensino regular. Já segundo o dicionário Aurélio, a palavra inclusão significa “relação de pertencimento.” Ou seja, os seres humanos deveriam, de acordo com o que entende por inclusão social dos portadores de necessidades educacionais, estar incluídos na sociedade por uma relação de pertencimento baseada no princípio da igualdade. O que se percebe atualmente é um processo voltado mais para a integração dos deficientes, que um processo de inclusão, já que instituições de ensino acreditam que o aluno deva se adaptar ao meio em que será integrado, sem que aquelas se preparem para recebê-lo como aluno. Sassaki (1998) considera a inclusão e a integração como formas de inserção, mas mostra que são distintas. Para o autor, “É comum em uma sociedade inclusiva que se pense na integração como um processo de inclusão, ou que se tratem inclusão e integração como conceitos antagônicos”.
Segundo o autor, o processo de inclusão dos deficientes é a modificação da sociedade para torná-la capaz de acolher todas as pessoas, ou seja, para que ocorra a inclusão, é necessário que as instituições de ensino estejam aptas a receber o alunado especial, não apenas adaptando a acessibilidade e o material pedagógico, mas havendo também um aperfeiçoamento das técnicas de ensino, auxiliando positivamente na relação entre o deficiente e seus mestres. Já o processo de integração, para Sassaki, é a busca por tornar a pessoa apta para satisfazer os padrões do meio social, sem a intervenção da escola no processo de adaptação do deficiente a ela, conforme já dito anteriormente. O processo de inclusão do deficiente é o horizonte a ser trilhado pela Educação Especial, haja vista que este é importante pelo relacionamento e a aceitação do deficiente na sociedade, bem como sua inserção no mercado de trabalho. O processo de inclusão, segundo Jannuzzi, “depende da organização social em seu conjunto, considerada a sua base material, ou seja, o modo como a produção é organizada e tem a ver com as descobertas das diversas ciências, com as crenças e as ideologias”. Isto significa que é necessária a organização da sociedade para receber os portadores de necessidades especiais educativas e que estes também sejam participantes desse processo de inclusão no ensino regular. A participação de cada parcela da sociedade é imprescindível para que as transformações continuem a ocorrer em prol dos excluídos do processo educacional. Segundo Ana Sheila de Uricoechea o termo nos parece bastante desafiante, pois, segundo Foucault (1987), a sociedade moderna desenvolveu uma série de mecanismos de controle e punição dos desviantes. Da mesma forma foi constituído um forte esquema de identificação das pessoas, de modo que as mesmas possam ser facilmente reconhecidas quando se afastam dos padrões de normalidade socialmente aceitos. Inclusão é o termo que se encontrou para definir uma sociedade que considera todos os seus membros como cidadãos legítimos.

Questionamento final: o deficiente está de fato incluído socialmente?

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